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Observatório do Sindienergia-RS

Renove os hábitos, renove as energias

Município de Rio Grande apresenta enorme potencial para geração eólica sobre as águas

Já contando com produção de energia eólica em terra (onshore), o município de Rio Grande e região têm um futuro promissor quanto à possibilidade de geração offshore (mar) e near shore (lagoas). Recentemente, integrantes do Sindienergia-RS estiveram na cidade participando de reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) para abordar e detalhar o tema com representantes da comunidade local.

A diretora de Operações e Sustentabilidade do sindicato, Daniela Cardeal, ressalta que foi uma agenda muito importante para a entidade. Ela recorda que o convite para a participação do sindicato foi feito pela Secretaria de Meio Ambiente de Rio Grande. A dirigente frisa que na ocasião foi possível apresentar informações sobre as práticas das gerações eólicas offshore e near shore e sanar dúvidas sobre o assunto.
“A conversa foi tão boa que a reunião foi estendida e saímos de lá com a sensação de portas abertas no conselho de meio ambiente do município e com o convite para voltar, com a intenção de levar mais representantes do nosso grupo de trabalho de offshore”, comenta a integrante do Sindienergia-RS. Entre as questões levantadas no encontro com os rio-grandinos quanto às atividades eólicas em lagoas e no mar estavam o compartilhamento da prática com o uso das águas por comunidades tradicionais e conexões dos empreendimentos com o sistema de transmissão localizado em terra. Daniela destaca que foi possível repassar alguns esclarecimentos sobre experiências internacionais que são adotadas nessa área, aproveitando a missão que o Sindienergia-RS participou na Holanda neste ano.

Para 2023, a intenção, adianta a dirigente, é fazer visitas específicas para a cidade de Rio Grande, não somente no Comdema, mas também a instituições como a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e a grupos tradicionais da região, como o pesqueiro e de esportes náuticos. “A gente quer mostrar que é possível conciliar a geração de energia na água com usos (do espaço) que já existem”, detalha.
A diretora do Sindienergia-RS ressalta que a estimativa é que o entorno de Rio Grande tenha um potencial para uma geração eólica entre 10 mil MW a 15 mil MW (o que representa mais que o dobro da demanda média de energia dos gaúchos). “É uma zona que vai ter um fator de capacidade muito alto”, antecipa. Já a coordenadora do Comitê Socioambiental (Cosam) do Sindienergia-RS, Juliana Pretto, confirma que houve uma excelente receptividade ao sindicato na reunião em Rio Grande, que contou também com representantes do Ibama, ONGs, universidades, associações comerciais, entre outros. “Havia vários conselheiros e todos demonstraram muito interesse no assunto”, reforça Juliana.
Segundo ela, esse primeiro contato abriu o caminho para futuras conversas a serem mantidas com grupos locais. A representante do Cosam diz que, mais adiante, a ideia é estreitar as relações, principalmente, com as universidades, comunidades pesqueiras e representantes dos conselhos gestores das unidades de conservação (municipais, estaduais e federais) que englobam Rio Grande. O objetivo é fazer um intercâmbio de informações e esclarecimentos. “Como é uma atividade que a gente ainda não tem no Estado e no País (tanto a geração offshore como a near shore), há muitas dúvidas em como isso irá impactar a comunidade”, enfatiza.

De acordo com Juliana, como há experiências nesse campo em âmbito internacional, já é possível responder a algumas questões. Ela acrescenta que, de qualquer maneira, a geração eólica sobre as águas é um processo inicial no Brasil e muitos estudos ambientais ainda serão feitos a respeito dessa prática. “É preciso ouvir as contribuições, porque daqui a pouco aparecem variáveis que ainda não estão sendo olhadas”, argumenta.
Um fator relativo ao tema e assinalado pela coordenadora do Cosam foi a consulta pública quanto ao zoneamento da Lagoa dos Patos para a atividade de geração de energia, aberta pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), ao final de novembro. Ela explica que a iniciativa auxiliará a formatação de um termo de referência que embasará os estudos necessários para o zoneamento ambiental específico para a produção eólica near shore. “É mais uma oportunidade para que todos os interessados sejam ouvidos, incluindo empreendedores e comunidade”, avalia. Para Juliana, é possível elaborar uma proposta através da construção conjunta, sem conceitos preconcebidos, para a realização de estudos ambientais responsáveis. “A gente não tem experiências anteriores negativas que nos façam olhar com muita desconfiança para a atividade”, argumenta.
A dirigente detalha que o objetivo do Sindienergia-RS é levar proposições ao processo de zoneamento e, possivelmente, quanto ao futuro licenciamento da atividade, para formar uma base técnica de contribuições. Esse zoneamento apontará quais as áreas mais sensíveis e as mais favoráveis para a instalação dos aerogeradores. Juliana comenta que o aproveitamento da geração eólica na Lagoa dos Patos e no mar também favoreceria os planos do Rio Grande do Sul de se tornar um polo de hidrogênio verde.

Por sua vez, o secretário de Meio Ambiente de Rio Grande e presidente do Comdema, Pedro Fruet, salienta que a fonte eólica é uma energia limpa e tem potencial para criar toda uma cadeia produtiva em volta dessa atividade. Ele frisa que a ideia da geração eólica offshore foi bem recebida pelos conselheiros do Comdema, que são representantes de diversos setores da sociedade local. Quanto às preocupações que existem sobre essa nova atividade, ele cita que uma delas é quanto à questão visual. Particularmente na lagoa, um dos pontos que precisa ser abordado são os interesses múltiplos, como setores como pesca e navegação, em um espaço menor que o mar, serão afetados. “Nesse caso, terá que ser encontrado um denominador comum para que seja possível a implementação das torres (eólicas)”, aponta o secretário.

Fruet enfatiza que Rio Grande, por sua condição de ventos e por contar com um porto marítimo (que facilita a logística para receber equipamentos), é uma área apta para sediar empreendimentos eólicos, que trazem emprego e renda. “Temos a vocação portuária, marítima e territorial para receber esse tipo de investimento que será bom para o Rio Grande do Sul como um todo, não somente para a cidade”, reitera. Conforme o secretário, a ida de integrantes do Sindienergia-RS à reunião do Comdema demonstra a transparência que o assunto tem e precisa ser tratado.

 

Texto: Sindienergia-RS