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Observatório do Sindienergia-RS

Renove os hábitos, renove as energias

Brasil e Rio Grande do Sul seguem no caminho das fontes renováveis

O avanço da tecnologia e a preocupação com a questão climática têm impulsionado o desenvolvimento de projetos de energia limpa, tanto no Brasil como no Rio Grande do Sul. O País possui historicamente uma matriz elétrica sustentável, muito embasada na hidreletricidade, e as fontes renováveis continuarão relevantes nos próximos anos, mas com uma mudança, que será o maior protagonismo das gerações eólica e solar.
De acordo com a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, até 2030, a eólica passará dos seus atuais 10% de participação na matriz elétrica nacional para 14% e a solar saltará de 4% para 13%. A hidráulica ainda será predominante, porém caindo de 61% para 49%, assim como diminuirá a participação das fontes fósseis, saindo de 15% para 13%. Completam o quadro a bioenergia, que passará de 9% para 10%, e a nuclear que ficará estável em 1%.
Hoje, o Brasil conta com uma capacidade instalada de 186 mil MW, tendo uma matriz elétrica 85% renovável e, nos próximos nove anos, a expectativa é atingir um potencial de 236 mil MW, com 86% de renováveis. Mais do que o aumento do percentual, o que chama a atenção é a capacidade de o País continuar como uma nação de energia limpa, após já ter explorado seus grandes potenciais hidráulicos. Esse cenário somente é possível justamente pelo crescimento das fontes eólica e solar.
“Estamos no rumo da neutralidade climática”, aponta Marisete. A secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia apresentou os dados durante o seminário Energias Renováveis e Desenvolvimento, promovido pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Na ocasião, o diretor do Departamento de Energia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Eberson Silveira, também frisou que a matriz elétrica gaúcha é fundamentalmente renovável: 81%.
Conforme Silveira, há projetos na área de energia, que estão em alguma fase de desenvolvimento no Estado, que somam cerca de 16 mil MW de capacidade instalada e significariam R$ 80 bilhões em investimentos. Desse potencial, a maior parte se concentra no segmento eólico, com 12 mil MW. O presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, complementa que o território gaúcho tem excelentes possibilidades de geração com os ventos sobre o mar e as lagoas. No oceano, esse potencial é de até 80,3 mil MW e as lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira somam outros 33,9 mil MW. “Queremos transformar o Rio Grande do Sul em um polo de energia renovável”, frisa Sari.
Entre alguns pontos defendidos pelo sindicato para que a meta se concretize está a realização de um programa de incentivo às energias renováveis no Estado. “Com a infraestrutura de transmissão que está em obras regionalmente, o Rio Grande do Sul passará de importador para exportador de energia. Mas, precisa se preparar também para trazer os investimentos de geração”, argumenta o presidente do Sindienergia-RS.
Outros tópicos relevantes são a atualização do atlas eólico gaúcho, regulamentação para offshore de lagoas, celeridade dos licenciamentos ambientais para projetos de renováveis e benefício para empreendimentos solares até 5 MW. A entidade propõe ainda um estudo específico quanto ao sinal locacional, que permita a alteração da precificação do custo de transmissão para os estados onde os centros de cargas estão mais próximos dos locais de geração de energia, propiciando competitividade para as regiões Sul e Sudeste do País.
Na área solar, a coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Mara Schwengber, destaca o intenso desenvolvimento dessa fonte nos últimos anos. Ela adianta que esse panorama deve perdurar em 2021 e 2022, pois muitos praticantes da geração distribuída (GD) devem agilizar a instalação de painéis fotovoltaicos antes que entre em vigor o novo marco regulatório dessa atividade, que foi recentemente aprovado na Câmara dos Deputados.
Mara ressalta que a energia solar já propiciou, desde 2012, em torno de R$ 51,3 bilhões em novos investimentos no País e R$ 4 bilhões no Rio Grande do Sul, tendo criado 292 mil postos de trabalho no Brasil, sendo 23,5 mil empregos somente no Estado. Outro tema de destaque no evento realizado pelo BRDE foram as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e as Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). O presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), Pedro Dias, informa que o Brasil possui potencial pata 18 mil MW em novos projetos dessa natureza, sem precisar envolver o bioma Amazônico para isso. Desse total, 6.161 MW encontram-se na região Sul do País. Hoje, em empreendimentos desse tipo, há uma capacidade nacional instalada de 5,56 mil MW.
Texto: Sindienergia-RS