Empresas dos EUA conhecem o potencial de energias renováveis do Rio Grande do Sul
Uma comitiva de empresas norte-americanas e entidades empresariais e governamentais esteve em solo gaúcho, nos dias 13 e 14 de setembro, para conhecer de perto o potencial energético do Estado. “Somos a maior organização do mundo focada exclusivamente em energia eólica offshore. Temos cerca de 600 membros e estamos aqui para sermos seus parceiros, para continuar a longa cooperação que nosso país tem mantido com o Brasil em muitos outros setores. E como parte disso, uma das grandes coisas que fazemos em nossa organização é conectar pessoas. E a forma como conectamos as pessoas é construindo relacionamentos”, afirmou Elizabeth Burdock, presidente do Business Network for Offshore Wind (BNOW).
Por meio da articulação do Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS), o Rio Grande do Sul foi um dos três Estados brasileiros escolhido para ser visitado, além de Ceará e Rio de Janeiro. Formado por 17 representantes do setor de energias renováveis – eólico onshore/offshore e hidrogênio verde, o grupo vindo dos Estados Unidos teve encontros com representantes destes segmentos, do Governo do Estado e empresários gaúchos.
A vinda da delegação norte-americana ao Estado é um dos resultados da participação do Sindienergia-RS na International Partnering Forum (IPF), a principal conferência nas Américas sobre energia eólica offshore, que ocorre nos Estados Unidos. “A nossa missão como sindicato é prospectar oportunidades para as empresas gaúchas e o Rio Grande do Sul. Estamos sempre em busca de novas formas de melhorar o desenvolvimento econômico, social e ambiental e foi esse o objetivo da nossa participação nas últimas edições da IPF, um trabalho que resultou na escolha do Rio Grande do Sul como um dos três Estados brasileiros a serem visitados pelos empresários norte-americanos”, afirmou a diretora de Operações do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal.
Ela lembrou ainda do potencial para impulsionar o setor de energias renováveis e promover a descarbonização. “Temos disponibilidade de sol, água vento e biomassa. As oportunidades energéticas abrangem desde as eólicas – onshore, offshore e nearshore – até o biogás e as hidrelétricas”, destacou. Daniela Cardeal salientou que o Estado lançou recentemente um estudo da consultoria McKinsey sobre hidrogênio verde. “Até 2040, o hidrogênio verde poderá proporcionar um avanço de R$ 62 bilhões no PIB e gerar 41 mil empregos. Trabalhamos por uma mudança cultural em direção à sustentabilidade. Buscamos a transição energética com a atração de investimentos que vão mudar o perfil do nosso Estado”, reforçou.
A agenda começou com o encontro realizado pelo Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre e pelo Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), na quarta-feira (13). “O Rio Grande do Sul contribui com um alto percentual de produção de energia renovável no Brasil e há um grande potencial de crescimento aqui na geração eólica, solar e de hidrogênio verde. E sabemos que, se quisermos ser realistas quanto a alcançar zero emissões globais de carbono em 2050, isso requer uma transformação abrangente da economia global. Esse sucesso dependerá, em grande parte, das lideranças do setor privado, das empresas, dos investidores e inovadores”, destacou o cônsul-geral em exercício dos Estados Unidos em Porto Alegre, Davis Wallentine.
O diplomata reforçou ainda a importância de um trabalho em conjunto: “Precisamos trabalhar juntos para promover políticas públicas que facilitem a transição para a adoção de energias limpas e de tecnologias energéticas limpas. E vemos a administração deste Estado como uma verdadeira aliada nessa transformação”.
Complexo Eólico de Osório
A comitiva visitou o Complexo Eólico de Osório no dia 14 de setembro. No local também conversaram com representantes do governo do Rio Grande do Sul, do Porto de Rio Grande e com empresas gaúchas que atuam no setor de energias renováveis. Na pauta estiveram temas como treinamento e formação profissional, infraestrutura portuária e indústria naval, desenvolvimento de cadeia de suprimentos, engenharia, dados e licenciamento de projetos de eólicas offshore.
Para a especialista em energia renováveis da embaixada norte-americana no Brasil, Igly Serafim, há boas perspectivas para o avanço de troca de experiências e parcerias. “Faz dois anos que nós do departamento comercial dos Estados Unidos no Brasil temos trabalhado em conjunto com o Sindienergia para a promoção comercial. Hoje temos aqui uma comitiva de empresários, liderada pela presidente e pelo vice-presidente do Business Network for Offshore Wind (BNOW). Eles estão visitando pela primeira vez um país da América Latina para prospector novas oportunidades, incluindo o Rio Grande do Sul neste roteiro”, relatou.
Investimentos no Estado
Apesar do mercado de energia eólica offshore no Rio Grande do Sul estar dando os primeiros passos, ele já chama a atenção de empresas com forte atuação global no setor. Uma delas é a GIS, com sede em Louisiana, nos Estados Unidos, e mais de 70 anos de atuação. O diretor de energia renovável da GIS, Matheus Chagas, que integrou a comitiva norte-americana no Estado, disse que há a intenção de instalar uma planta em solo gaúcho para produzir as fundações que sustentam as turbinas eólicas no mar.
Uma das cidades que pode contar com este empreendimento é Rio Grande. A ideia é a partir do Rio Grande do Sul também atender Santa Catarina e Uruguai. O investimento pode ser superior aos US$ 100 milhões. Ele acredita que após a definição do marco regulatório do setor eólico offshore, a unidade poderá estar em operação entre três e cinco anos.
Entre os 23 tipos de serviços da GIS, está a construção das embarcações que fazem a manutenção dos parques eólicos marítimos. A empresa está produzindo na Louisiana dois navios service operation vessels (SOV). Um modelo que permite a movimentação dos técnicos que fazem a manutenção dos equipamentos offshore em alto mar por até quase um mês. Essas embarcações deverão ser concluídas em 2024 e 2025. Chagas informa que a intenção da companhia é replicar no Brasil a sua atividade nos Estados Unidos. A expectativa é que a empresa faça esses navios para atender ao mercado nacional em Navegantes (SC).