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Observatório do Sindienergia-RS

Renove os hábitos, renove as energias

Encontro feminino debate o setor de energia renovável

O encontro Liderança Feminina em Energia – Conquistas e Desafios, realizado pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), reuniu profissionais que atuam no setor energético. Além de abordarem o cenário das energias renováveis, desde aspectos legais, econômicos e jurídicos até investimentos e inovação, as participantes falaram sobre suas trajetórias profissionais e as oportunidades para as mulheres no setor de energias renováveis.

A diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, falou no encontro sobre a vocação para exploração de energias renováveis no Rio Grande do Sul. De acordo com ela, na metade sul do estado, a eólica e solar se destacam, enquanto há no Norte uma inclinação maior para a hídrica. De acordo com ela, as bioenergias estão presentes em todo o território gaúcho, o que oferece um equilíbrio na promoção de energias complementares. No momento, há uma grande aposta do setor local no investimento eólico.

“O Rio Grande do Sul está em destaque por conta da disponibilidade de conexão, que deve destravar diversos empreendimentos eólicos onshore e atrair a indústria para o estado. Nosso mote hoje é estudar o modelo nearshore, que é a construção em águas rasas de empreendimentos de eólicas offshore”, explicou. Estamos conversando muito com empresas internacionais que podem trazer todo o pacote de nearshore, desde embarcações, equipamentos e toda a tecnologia de torres e conexões, para que possamos fomentar esse mercado. Tem tudo para dar certo, mas precisamos estudar bem para apoiar e desenvolver”, afirmou Daniela Cardeal.

A abundância de fontes e de recursos naturais para serem explorados por empreendimentos de geração de energia renovável também foi destacada pela integrante da Comissão Especial de Energia, Infraestrutura e Saneamento da OAB RS e da Comissão de Energia, Petróleo e Gás do IAB, a advogada Daniela Garcia Giacobbo. “Temos potencial tanto por meio de hidrelétricas quanto eólicas, solar e novas tecnologias, como as eólicas offshore e nearshore e o hidrogênio verde. Precisamos valorizar os atributos de cada uma das fontes: as hidrelétricas, com o uso múltiplo dos seus reservatórios, e as eólicas, que permitem o desenvolvimento concomitante de atividades agropastoris, bem como a sua complementaridade”, salientou.

Sobre as questões legais, Daniela Garcia Giacobbo alertou que ainda é necessário avançar no Brasil. “Há a necessidade de leis mais seguras para o licenciamento ambiental. São fundamentais termos marcos legais e regulatórios estáveis e claros para que o licenciamento não seja um gargalo”, explicou.

Já o Rio Grande do Sul, segundo ela, está avançado neste aspecto. “Nós temos, por exemplo, as resoluções estaduais, definidas pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e seu Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), bem como as normas técnicas da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que são muito boas e estão sendo constantemente atualizadas. Elas estabelecem diretrizes e parâmetros para o licenciamento ambiental regional”, relatou.

Outro ponto que destacou foi a iniciativa do estado ter incluído o Licenciamento Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), tanto no código ambiental como em resolução do Consema (a Resolução Consema 455/21). “A LAC é uma modalidade de licenciamento simplificada e ágil. Temos ainda o SOL, que é o sistema online de licenciamento ambiental feito pela Fepam, que é prático e tem reduzido o tempo de expedição das licenças”, relatou.

Igualdade e mercado de trabalho – Perguntadas sobre a desigualdade salarial no mercado energético, as palestrantes afirmaram que o segmento enfrenta, antes de tudo, problemas culturais. “Antes de falar da igualdade salarial, podemos falar da igualdade de tratamento. O setor talvez esteja experimentando um novo momento em que vemos um movimento de mulheres de alto escalão que incentivam outras. Até então, só tínhamos palestras com homens, com público masculino e alto escalão formado por homens”, disse Isabela Ramagem. Para Lívia Castro, há um destaque feminino no setor, mas outras mudanças ainda são necessárias. “É fundamental trazer mulheres para a mesa, para que cada vez mais elas exponham o papel que exercem no segmento”, completou Ana Karina Souza.

O evento, no dia 17 de março, conduzido pela pela 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amelia Menna Barreto, e mediado pela diretora de Comunicação do Instituto, Carmela Grüne, também teve a participação das consócias Daniela Garcia Giacobbo e Lívia Bernardo de Castro Neves, membros da Comissão de Energia, Petróleo e Gás do IAB; da diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal; e da integrante do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE), Ana Karina Souza.

Texto por: Sindienergia-RS