Fórum destaca capacidade eólica do Brasil e do Rio Grande do Sul
Uma posição já relevante na matriz elétrica nacional e um enorme potencial ainda a ser explorado no País em relação à geração eólica foram algumas das constatações feitas durante 13º Fórum Nacional Eólico – Carta dos Ventos, que foi realizado de maneira online no final de julho. A fonte foi apontada como um importante recurso energético para diversos estados brasileiros, inclusive para o Rio Grande do Sul.
O governador gaúcho, Eduardo Leite, um dos participantes do evento, reforçou que todos os parques eólicos já instalados no Estado representam investimentos na ordem de R$ 11 bilhões. O Rio Grande do Sul é o quinto estado no Brasil em potência eólica instalada, com aproximadamente 1,8 mil MW, divididos em 80 complexos, que representam 19,6% da capacidade de produção de energia em geral na região. Leite salienta que várias iniciativas nessa área estão sendo destravadas devido a aportes feitos no sistema de transmissão local. São em torno de R$ 6,5 bilhões em investimentos nesse segmento, que significarão a implantação de 3,2 mil quilômetros em linhas.
Quanto a novos projetos eólicos gaúchos, o governador cita que há o registro de 51 empreendimentos, que totalizam aproximadamente 10,8 mil MW de capacidade, a serem construídos em 28 municípios. Um lugar que Leite indicou durante o evento como de elevado potencial eólico foi a Lagoa dos Patos. “A gente está por fazer um edital de licitação para a concessão de áreas, a título oneroso, na Lagoa dos Patos para a geração de energia eólica”, adianta o governador. Segundo ele, a localidade corresponde a uma oportunidade importante para gerar receitas financeiras que, posteriormente, podem ser aproveitadas na própria qualificação da hidrovia. Leite lembrou que o potencial estimado para a geração eólica nas lagoas gaúchas é de 34 mil MW e no mar é de 80 mil MW.
Outro integrante do Fórum Nacional Eólico – Carta dos Ventos, o senador potiguar Jean Paul Prates é o autor do projeto de lei 576/2021, que regula o aproveitamento do potencial eólico offshore do Brasil. Durante o encontro, Prates ressaltou que o Rio Grande do Norte é o primeiro estado em geração de energia eólica do País, chegando a 180 parques e mais de 5 mil MW instalados. Conforme o senador, mais de R$ 20 bilhões foram investidos diretamente em complexos dessa natureza na região, representando “dinheiro novo” e movimentando a economia.
Ele comenta ainda que se o Nordeste não tivesse desenvolvido a geração eólica, o Brasil estaria em meio a um apagão atualmente, devido à crise hídrica. Sobre discussões futuras que se apresentam para o setor, Prates cita a operação híbrida das estruturas eólicas com solares, aproveitando a mesma capacidade de conexão ao sistema elétrico, e a repotencialização das usinas, com atualização tecnológica.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, o movimento de eólicas offshore é um mercado em consolidação, porém ainda com muitos temas para serem resolvidos e investimentos mais intensos que dependerão de ações específicas para dar competitividade ao segmento. “Não temos dúvidas que o mercado offshore vai acontecer, mas têm debates importantes em relação a temas ambientais e de interesse comercial das águas a serem feitos. Sem contar a questão dos robustos investimentos que ainda permeiam essa matriz que vem para promover a transição energética”, argumenta o dirigente.
Segundo o presidente do sindicato, um nicho com menos holofotes e que precisa de mais atenção são as águas internas. “Temos excelentes potencialidades pouco divulgadas e entendidas no cenário político federal, que são as águas internas de lagoas e grandes barragens para exploração eólica. O Rio Grande do Sul apresenta um imenso potencial de lagoas que fazem divisas com pequenas penínsulas de continente e que têm excelentes bolsões de ventos”, enfatiza.
Sari acrescenta que são extensões de águas gigantescas com menor atratividade comercial, para a navegação e pesca, devido ao seu baixo calado e que podem e devem ser exploradas pelo recurso eólico, pela proximidade da infraestrutura de conexão, trâmites desenvolvidos em caráter estadual (algo mais simples que os projetos elaborados no mar, que passam pela esfera do poder federal), menor complexidade ambiental do que os projetos no oceano, além de poderem representar uma importante receita para o Estado e para a economia de diversos municípios banhados por essas águas.
Durante o 13º Fórum Nacional Eólico, o presidente do Sindienergia-RS frisou ainda que a cada ano é possível observar o aumento da competitividade dos projetos nacionais de energia eólica onshore. Ele recorda que o Brasil vem avançando no ranking mundial quanto a esse tipo de geração. “O País vem despontando como um dos principais players desse mercado”, reitera o dirigente. Sari informa que o Brasil saiu do 16º lugar e hoje ocupa a 7ª posição em potência eólica. Trata-se de uma produção crescente, com 726 parques implementados hoje, mais de 19 mil MW instalados e 4 mil MW em construção.
A geração eólica representa mais de 10% da matriz elétrica nacional, sendo que em 2009 era menos de 1%. Para o presidente do Sindienergia-RS, esse incremento mostra a real competitividade da fonte e toda a cadeia que se desenvolveu nesse processo. Um dos desafios do segmento, de acordo com Sari, será a questão do financiamento de empreendimentos que estão sendo desenvolvidos no mercado livre (ambiente formado por grandes consumidores que podem escolher de quem irão comprar energia), algo que tem ganhado força dentro do setor.
Texto: Sindienergia-RS