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Observatório do Sindienergia-RS

Renove os hábitos, renove as energias

Investimentos, potencial eólico do RS e dados técnicos foram pauta do 1º dia do Wind of Change

Nesta terça-feira (18), ocorreu a estreia do Wind of Change – Encontro de investidores em Hidrogênio Verde e Eólicas Offshore/Nearshore, realizado no Hotel Laghetto Moinhos, em Porto Alegre. Os temas do primeiro dia do encontro foram os “Aprendizados Regulatórios, Estruturais e Ambientais em Eólicas Onshore” e “Licenciamento Ambiental em Projetos de Energia Eólica Offshore”.

No primeiro painel, foi dado um histórico da relação do Rio Grande do Sul com a geração de energias renováveis, marcos regulatórios, os avanços e os caminhos para o setor. A diretora de Operações da DGE Soluções Renováveis e diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, mediou as trocas entre os participantes. Ela mencionou o papel do Sindienergia-RS na disseminação de informações, na união de diferentes atores do setor e na busca de resultados para todo o segmento no Estado.

O diretor de Vendas da Nordex, Federico Bianchi, falou sobre o histórico da empresa, de origem dinamarquesa e com sede atual em Hamburgo, que chegou à marca de mil torres de concreto fabricadas no Brasil em dez anos. Ele também comentou sobre a possibilidade de uma fábrica de torres de concreto para a geração eólica da empresa no Rio Grande do Sul, desde que haja demanda para tal. Neste caso, haveria um potencial para criação de até 300 empregos diretos.

Já o diretor da Renobrax, Pedro Mallmann, destacou o potencial gaúcho em liderar a geração eólica e, a exemplo de outros painelistas, avaliou como positiva a atuação da Fepam no Estado e o papel que o RS ocupa nesse cenário. “Hoje, estamos em um patamar no qual temos conexão, segurança jurídica e ambiental, dados e espaço para investimento”, ressaltou. E acrescentou: “sobre o nearshore, poucos lugares do mundo têm lagoas como as nossas a serem utilizadas. Apenas dois ou três países da Ásia e na Holanda. Aproveitamos também o onshore – com linhas já licenciadas. Temos desafios a serem superados e devemos seguir na vocação da eólica”, sugere.
Outro painelista, o diretor da ABG Engenharia e Meio Ambiente, Alexandre Bugin, recapitulou o caminho das energias renováveis no Estado, passando pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), eólica e suas regulamentações. Falou sobre o zoneamento ambiental, mapa eólico, as diretrizes do licenciamento para eólicas e a articulação entre governo e empreendedores do setor. “Nesses anos, o Consema (Conselho Estadual de Meio Ambiente) também mostra que atingiu uma maturidade, todos defendem seus interesses, mas sempre se busca um consenso no sentido de atender o setor ambiental e o desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, exemplificou.
Na sequência, o diretor-presidente da Fepam, Renato Chagas, lembrou que a Fundação tem hoje, em onshore licenciado, 38 parques eólicos e competência técnica para atender qualquer tipo de empreendimento envolvendo energia eólica e gases, como o hidrogênio. “Cada vez mais é preciso pensar em energias limpas e renováveis, e não há como pensar nisso sem focar no licenciamento e na mitigação máxima de qualquer impacto ambiental. Devido a isso, a Fepam faz diversos controles, a fim de que projetos como os de energia eólica sigam todas as diretrizes que favorecem ao meio ambiente”, destacou Chagas.
O painel também teve uma breve participação da secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, Marjorie Kauffman, que estará nesta quarta-feira abordando a “Oportunidade do Hidrogênio Verde para o Rio Grande do Sul”, e do prefeito de Rio Grande, Fábio Branco.

Licenciamento Ambiental – O segundo painel do Wind of Change debateu Licenciamento Ambiental em Projetos de Energia Eólica Offshore, com a mediação da sócia da área Ambiental do Souto Correa Advogados e coordenadora do Conselho Socioambiental do Sindienergia-RS, Juliana Pretto Stangherlin. Ela declarou que “o licenciamento ambiental em eólicas offshore e a transição energética global se faz urgente”.

O coordenador de Licenciamento Ambiental de Ene Nuclear, Térmicas, Eólicas e outras Fontes Alternativas do IBAMA, Eduardo Wagner, falou sobre o trabalho desenvolvido pelo órgão. “O papel do Ibama é cobrar uma fotografia dos aspectos sociais, físicos e bióticos, prevendo os impactos das operações. Até dois aerogeradores podem ser feitos com um licenciamento simplificado. A partir disso, é necessário EIA Rima e Licença Trifásica”, explicou. Segundo dados apresentados por Wagner, há 12.508 aerogeradores a serem instalados na costa brasileira. “Em termos de projetos, o Rio Grande do Sul conta com 22 em fase de licenciamento no Ibama, é o Estado com o maior número de projetos propostos do Brasil”, ressaltou.

O diretor-presidente da Sea Caruso, Francisco Caruso Junior, abordou questões técnicas envolvendo a etapa de pré-licenciamento – tratando de detalhes desse processo, incluindo análises socioambientais das regiões de implantação dos projetos. O secretário adjunto da Secretaria de Meio Ambiente do RS (Sema), Marcelo Camardelli, reforçou que 83% da potência elétrica instalada no Rio Grande do Sul têm origem em fontes renováveis – o Estado ocupa o 5º lugar em potência instalada em energia eólica do Brasil. Camardelli salientou também o potencial empreendimento nearshore nas lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira, com capacidades de 24,5 GW, 7,3 GW e 2,1 GW, respectivamente.

O gerente de Análises Ambientais e Socioterritoriais da Tetra Tech América do Sul, Felipe Gattai Resende, informou que a empresa conta com 27 mil funcionários em todo o mundo, incluindo os cinco escritórios que mantêm no Brasil. Ele destacou o papel de vanguarda do Ibama no setor – comparado ao de outros países de ponta. Ele ressaltou a inclusão da solicitação da pesquisa de percepção da população sobre as instalações e de que forma os projetos impactam a população da região. Para finalizar, a sócia da Bichara Advogados, Luciana Gil, que atua em projetos da área, explicou que o papel do advogado é apontar riscos nesses projetos e alertou sobre pontos importantes de atenção jurídica nos projetos: as interferências em comunidades pesqueiras e originárias e os critérios para valorar um possível dano ambiental marinho.

 

Texto: Sindienergia-RS