Planejamento busca conciliar expansão de geração e transmissão de energia no Rio Grande do Sul
Para evitar um problema que já ocorreu no passado no setor elétrico brasileiro, o descasamento de projetos de geração de energia com a infraestrutura de transmissão necessária para escoar essa produção, é necessário olhar o horizonte e traçar os planos necessários para o futuro. Essa ação está sendo conduzida no Rio Grande do Sul através da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, com o auxílio do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) e companhias do setor. O presidente do Sindienergia-RS, Guilherme Sari, recorda que nos últimos anos a entidade mantém um relacionamento institucional mais próximo com a EPE e de alinhamento quanto às questões de planejamento. Um fator que contribuiu para essa aproximação foi a relicitação (em 2018) de vários lotes de linhas que originalmente estavam sob o guarda-chuva da Eletrosul e eram consideradas essenciais para o sistema de transmissão do Estado.“Nessa questão toda, a gente começou a estreitar a relação (com a EPE) para criar um planejamento para futuras obras de transmissão”, reitera Sari. A ideia é identificar as regiões que vão precisar de reforços para evitar que tenham problemas de conexão.
Já o diretor do Sindienergia-RS, Pedro Mallmann, acrescenta que informações sobre projetos de energia renovável no Rio Grande do Sul, consolidadas pelo sindicato através de dados compartilhados por empresas, foram apresentadas para a EPE em fevereiro. “Estamos falando de localização dos empreendimentos, como está o processo de licenciamento ambiental, etapa de desenvolvimento, ponto de conexão, tamanho do complexo e outros fatores”, detalha Mallmann. Ele esclarece que o foco é observar se existe algum ponto específico de urgência que precisa ser atendido antecipadamente em relação ao estudo das necessidades de transmissão no Estado, que está sendo feito a longo prazo pela EPE.
O integrante do Sindienergia-RS defende que é preciso olhar “ponto a ponto” as questões energéticas dentro do Rio Grande do Sul, se há alguma região com uma demanda em particular. “É um trabalho muito minucioso, o Rio Grande do Sul pode ter áreas com capacidade de escoamento para muito tempo e outras que em três anos poderão estar no limite”, comenta o dirigente. Conforme Mallmann, leilões de transmissão são fundamentais para impedir que o Estado sofra com falta de margem de escoamento de energia de uma forma generalizada. “Por isso é muito importante o trabalho que o Sindienergia-RS está fazendo de conversar constantemente com a EPE, apresentar a situação dos projetos, para que esse contato permita ao planejador se antecipar às necessidades futuras”, argumenta. Sari acrescenta que, no momento, somente os projetos eólicos com licenciamento tramitando na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) somam mais de 14 mil MW (cerca de três vezes a demanda média de energia elétrica dos gaúchos). Essas e outras futuras usinas, de fontes diversas, precisarão de mais infraestrutura de transmissão para escoar suas gerações. O presidente do Sindienergia-RS sustenta que é fundamental mostrar para a EPE que projetos são esses. Ele argumenta que quando esses empreendimentos são apresentados individualmente não agregam a mesma força ao serem divulgados por uma instituição trabalhando com números maiores e tratando as iniciativas de uma forma conjunta de acordo com Sari, a EPE está estudando as condições do Rio Grande do Sul neste ano para definir a possível realização de um leilão de transmissão já em 2023.
O dirigente destaca que as informações sobre as possíveis expansões de geração de energia no Estado podem ser repassadas até julho para a Empresa de Pesquisa Energética. “Por isso a importância de ter esses dados na mão, tanto da evolução dos projetos como das condições de todos eles”, frisa. O presidente do Sindienergia-RS indica entre as regiões que vão precisar de reforços na sua estrutura de transmissão a Fronteira Oeste, a Campanha e o Litoral Sul. Mallmann complementa citando as possibilidades no Litoral Médio gaúcho, ainda inexploradas, e o offshore (no mar), que não podem ficar desassistidas, assim como o entorno de Jaguarão.
Texto: Sindienergia-RS