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Observatório do Sindienergia-RS

Renove os hábitos, renove as energias

Rio Grande do Sul apresenta oportunidades para ser exportador de energia

Devido ao Sistema Interligado Nacional (SIN), as regiões brasileiras podem enviar energia umas para as outras. No caso do Rio Grande do Sul, conforme dados do Departamento de Energia da SEMA-RS, a importação média anual de eletricidade de outras localidades foi no patamar de 34% entre 2016 e 2019. No entanto, com o avanço nas obras no sistema gaúcho de transmissão e a perspectiva de aumento da capacidade de geração, a expectativa é que o Estado possa se tornar um exportador de energia para outras partes do País e até mesmo para nações vizinhas como Argentina e Uruguai.
O diretor técnico do Sindienergia-RS, Pedro Mallmann, argumenta que para o Estado se transformar em um exportador de energia dependerá de um crescimento da sua capacidade de geração. “O que eu acho que será importante para o RS do ponto de vista de qualidade e de suprimento de energia”, frisa Mallmann. Esse cenário também seria benéfico para o Brasil como um todo. O integrante do Sindienergia-RS ressalta que o território gaúcho, por exemplo, tem regimes de ventos e chuvas distintos de outros pontos do País. Ou seja, aumentar o parque de geração no RS, ampliaria a resiliência do setor elétrico nacional.
“Teríamos fontes de gerações com sazonalidades diferentes”, explica Mallmann. Outra característica do Estado é ter mais de 80% da sua produção elétrica como renovável. De acordo com levantamento feito pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, 48% da geração de energia no Rio Grande do Sul, de janeiro de 2020 ao mesmo mês em 2021, era proveniente de hidrelétricas, 27% de usinas eólicas, 19% de termelétricas fósseis, 5% de fotovoltaica e 1% de biomassa.
Outro fato positivo com o Estado tornando-se um exportador de energia seria criar um ambiente para o desenvolvimento de um parque industrial e tecnológico local. O diretor do Sindienergia-RS cita ainda a vantagem de ter uma geração próxima ao centro de consumo propiciar uma perda elétrica menor do que quando é necessário movimentar essa energia por distâncias maiores. Esse panorama também possibilita um menor custo na construção dos sistemas de transmissão.
Mallmann enfatiza que o RS possui um potencial eólico gigantesco e que, nos últimos anos, enfrentava a limitação quanto a novos empreendimentos justamente por causa de restrições de conexão. Outra vocação histórica diz respeito às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Inclusive, cinco projetos de usinas gaúchas dessa natureza comercializaram suas gerações em leilões promovidos pelo governo federal no começo de julho e significarão investimentos de R$ 423,8 milhões e uma capacidade de 62,1 MW (1,7% da demanda média de energia elétrica do Rio Grande Sul).
Conforme o diretor do Sindienergia-RS, várias obras de linhas de transmissão e subestações estão sendo realizadas, o que possibilitará uma solução para o problema de conexão elétrica do Estado. Mallmann adianta que, com as novas estruturas, será possível injetar mais cerca de 6 mil MW no sistema elétrico. “Isso já possibilita ampliar o parque de geração e trazer investimentos”, ressalta. O dirigente enfatiza que o Rio Grande do Sul, de uma maneira geral, já se encontra hoje com uma situação de transmissão mais robusta do que no passado. Porém, há regiões como o Litoral Médio e no entorno de Jaguarão, que possuem potenciais, especialmente quanto à energia eólica, que precisariam ter futuramente um reforço.
O integrante do Sindienergia-RS defende que, como Estado, é importante que o Rio Grande do Sul possua um planejamento, de médio e longo prazo, quanto ao seu potencial de geração, já projetando os investimentos necessários na estrutura de conexão para que não limite a capacidade de expansão da produção de energia. Mallmann comenta que interromper o ritmo de instalação de empreendimentos ocasiona um impacto enorme na competitividade, pois retomar o fluxo acaba sendo uma operação mais cara. “A gente tem que estar constantemente implementando projetos, construindo, para que possamos estar com o parque fabril rodando aqui”, sustenta o diretor do sindicato.
Texto: Sindienergia-RS