Sindienergia-RS comemora uma década de atividades preparado para novos desafios
Sobre a origem do Sindienergia-RS, o vice-presidente da instituição, Rogério Wallau, destaca que existia um espaço de representatividade dos geradores de energia no Rio Grande do Sul que precisava ser preenchido por um sindicato forte. “Hoje temos essa representação, o governo já busca no nosso sindicato o relacionamento necessário para formar as suas políticas”, frisa o dirigente.
Nascido Sindicato das Empresas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), o atual Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) celebra nesse 20 de maio uma década de existência. A entidade, que foi crescendo ao longo desses anos tanto em associados como na diversificação das fontes de energia abrangidas, já contribuiu para diversas pautas do setor elétrico, como expansão da transmissão e discussões regulatórias, e se prepara para os próximos desafios que se apresentam com a transição energética global.
O presidente do Sindienergia-RS, Guilherme Sari, recorda que a entidade é praticamente contemporânea ao início de um novo processo de negociação de energia no Brasil. “Os primeiros leilões comerciais, com maior força, ocorreram em 2010 e o Rio Grande do Sul se posicionou muito bem naquele momento”, lembra o dirigente. Já em 2012, quando um grupo de empresários que atuavam no Estado no segmento de energia se reuniu, começou a se formar um movimento para a abertura de um sindicato ligado, inicialmente, à área eólica.
Nos anos seguintes, o presidente do Sindienergia-RS comenta que vários projetos gaúchos dessa natureza foram se desenvolvendo em municípios como Palmares do Sul, Viamão, Rio Grande, Santana do Livramento, Santa Vitória do Palmar, Chuí entre outros. Com o aumento da capacidade de geração, também se viu a necessidade da expansão do sistema de transmissão no Estado, algo que ficou, naquela ocasião, sob incumbência da Eletrosul. “Mas, pós 2014, tivemos dificuldades quanto à questão das linhas de transmissão e de participação em leilões (de geração) por falta de conexão”, aponta Sari. Naquela época, a Eletrosul teve problemas para ir adiante com a série de estruturas que iria fazer no Rio Grande do Sul e essas obras tiveram que ser relicitadas, atrasando todo o cronograma.
Naquele momento, o sindicato se envolveu nos debates quanto às soluções para a limitação na capacidade de escoamento de energia a partir do Rio Grande do Sul e também iniciou o processo para aumentar o escopo de atuação da entidade para incluir toda a matriz de fontes renováveis, englobando fontes como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), solar, bioenergias, além de manter a eólica em seu portfólio. Com essa alteração de foco, a entidade também mudou de nome tornando-se Sindienergia-RS, em 2019. “Saímos de sete associados e estamos hoje com 54 na entidade e com plano de expansão para este ano de 2022. É uma outra visão de negócio, com várias diretorias e comitês sendo formados, tendo muita vida dentro da instituição”, frisa Sari.
O dirigente reforça que o sindicato tem o papel de ser um elo do setor empresarial e as esferas públicas para tratar de assuntos importantes para o segmento, como pontos regulatórios e ambientais. Conforme o presidente do Sindienergia-RS, atualmente, abriu-se várias frentes para discussão de temas atuais como a produção eólica offshore e em lagoas, geração distribuída com a fonte solar fotovoltaica, infraestrutura de conexão e o sinal locacional, que é visto como um ponto fundamental para os projetos do Rio Grande do Sul. Essa última proposta abrange a ideia de mudar o peso dos custos de transmissão, distribuindo de forma a diminuir para as regiões onde a produção de energia está mais perto dos centros de consumo e de menor investimentos de infraestrutura, caso do Rio Grande do Sul. “O Sindienergia-RS vem capitaneando um movimento que conta com a participação de associações importantes como a nossa parceira Agpch e também entidades de peso no cenário nacional como Absolar, Abragel e Abrapch”, salienta Sari.
Entidade preencheu lacuna que estava aberta no setor
Sobre a origem do Sindienergia-RS, o vice-presidente da instituição, Rogério Wallau, destaca que existia um espaço de representatividade dos geradores de energia no Rio Grande do Sul que precisava ser preenchido por um sindicato forte. “Hoje temos essa representação, o governo já busca no nosso sindicato o relacionamento necessário para formar as suas políticas”, frisa o dirigente. Wallau ressalta que o setor de energia trabalha de uma maneira fortemente regulada e por isso é essencial uma atuação dos empreendedores junto aos governos e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O dirigente acrescenta que o Rio Grande do Sul, particularmente, tem o desafio de ser competitivo na área de energia em âmbito nacional. Nesse sentido, ele cita o caso do segmento de eólica, que começou implementando vários projetos (entre os quais o primeiro de grande porte do País, o parque de Osório, inaugurado em 2006). Atualmente, o Estado tem uma potência instalada com essa fonte de 1,8 mil MW (sendo superado no País apenas por Rio Grande do Norte – 6,7 mil MW, Bahia – 6 mil MW, Ceará – 2,5 mil MW e Piauí – 2,4 mil MW), de acordo com dados da Aneel.
“Mas, de 2014 para cá o Rio Grande do Sul não venceu mais leilões (de energia eólica)”, recorda Wallau. O vice-presidente do Sindienergia-RS detalha que uma das causas desse cenário foi a limitação no sistema de transmissão de energia, problema já resolvido, bem como a competição com os projetos desenvolvidos no Nordeste, que em geral, estão localizados em áreas cujo potencial eólico é melhor explorado pela tecnologia disponível. “Mas, a resolução deste gargalo tecnológico por si só não resolve a questão da competitividade dos projetos gaúchos”, alerta o dirigente.
Para Wallau, algumas políticas complementares são necessárias como, por exemplo, equiparação com o Nordeste no que se refere a financiamentos de longo prazo e taxas e de regras e custos de licenciamento ambiental. “Para que o Rio Grande do Sul seja competitivo no mercado nacional, o sindicato precisa agir cada vez mais com os governos e órgãos formuladores de políticas públicas voltadas para o fomento do setor de energia que é fundamental para sustentar o crescimento forte e mais equilibrado no País”, defende o vice-presidente.
Instituição vai além da função sindical
Já o coordenador do Comitê Jurídico Regulatório (COJUR) do Sindienergia-RS, Alexandre Curvelo, considera que uma das ações mais importantes desenvolvidas, sobretudo nos últimos anos, foi adotar uma postura que vai além do que a própria ideia de sindicato objetiva. “No Brasil, infelizmente, os sindicatos foram vistos como instituições criadas apenas para atender à legislação, para exercer funções que nem sempre são de fomento, de crescimento para os setores”, comenta Curvelo.
No caso do Sindienergia-RS ele argumenta que, embora seja uma entidade politicamente qualificada como sindicato, o que o distingue de outros grupos dessa natureza é que ele age como uma verdadeira associação e não como uma instituição que tem o simples foco de fiscalizar ou atuar como um aparato burocrático para as empresas. Curvelo reforça que o Sindienergia-RS trabalha através do interesse em comum das companhias do setor, com a meta de fomentar o crescimento em conjunto dos associados.
Sobre as iniciativas que devem envolver a entidade, o dirigente recorda que o Brasil, por volta de 2015, passou a concretizar ações no sentido do processo de transição energética, com a intenção de fomentar mais as energias renováveis. “Esse movimento a gente espera que seja de Estado e não de governo e a expectativa é que o setor elétrico incorpore definitivamente essa agenda”, diz Curvelo.
Ele espera que dentro desse cenário o Sindienergia-RS possa contribuir, no Rio Grande do Sul, com medidas que sigam nessa direção. Para isso, o coordenador do Comitê Jurídico Regulatório argumenta que será preciso destravar pontos de natureza burocrática, de licenciamento e fiscais. O dirigente acrescenta que o sindicato deve buscar ocupar os locais adequados de debates para auxiliar nessa iniciativa. Curvelo frisa que a interlocução precisa ser clara entre o setor e os órgãos de governo e a presença do sindicato possibilita que as pautas sejam abordadas de forma transparente.
Fonte eólica segue sendo um dos tópicos relevantes na atualidade
Por sua vez, o diretor administrativo financeiro do Sindienergia-RS, Luiz Gustavo Sant’Anna, salienta que, passados dez anos, a geração eólica, que deu origem ao sindicato, continua sendo muito importante para a entidade. O dirigente considera que essa fonte funcionou como uma espécie de catalizador para as outras renováveis. “E esse movimento (em torno das renováveis) ganhou uma força enorme”, enfatiza. Ele ressalta também que a produção eólica representa investimentos de grande escala, já que envolve usinas de maior porte.
Para Sant’Anna, a interlocução entre o Sindienergia-RS e a esfera governamental vem sendo afinada nos últimos anos. “Hoje, existe uma abertura maior do governo para que isso aconteça e uma relação de mão dupla, o que vem ajudando muito o setor”, argumenta o dirigente. O diretor acrescenta que o sindicato tem formado grupos de trabalho, com especialistas em diversas áreas, como a do meio ambiente e a jurídica, o que tem qualificado muito as discussões. “Através de um alinhamento com o governo do Estado, isso acaba dando robustez ao Sindienergia-RS para ele atuar, inclusive, em âmbito nacional, com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Aneel e outras associações brasileiras do setor”, aponta Sant’Anna.
Sindicato lança novas ações, como Cafezinho com presidente
O Sindienergia-RS está programando uma série de eventos inéditos em alusão aos dez anos da entidade, adianta a diretora de Operações e Sustentabilidade do sindicato, Daniela Cardeal. “Ações não somente para valorizar os associados, mas também para trazê-los para perto da gestão”, revela a dirigente.
Daniela destaca que uma das iniciativas que será lançada será o “Cafezinho com o presidente”, que será um encontro promovido presencialmente para o debate de assuntos que serão escolhidos pelas empresas associadas ao sindicato. “Os temas serão discutidos em um ambiente bem amistoso, construtivo, intimista de certa forma, porque não serão grupos muitos grandes, para que possam conversar com a diretoria sobre o posicionamento da entidade para a construção do setor”, informa a diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS.
Ela acrescenta que os dez anos do sindicato também serão marcados por uma celebração, que reunirá associados e parceiros da entidade. “Queremos comemorar esse bom momento do setor e montar toda uma programação para os próximos anos”, afirma Daniela.