Três PCHs gaúchas comercializam energia em leilão e impulsionam segmento no RS
O êxito de três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que serão construídas no Rio Grande do Sul no leilão de energia A-4 (quatro anos para a entrega da geração), realizado em 27 de maio, foi celebrado pelo setor e animou as expectativas quanto ao futuro dessa fonte. Saíram vitoriosas da disputa as PCHs Saltinho RS, Santo Antônio do Jacuí e Linha Onze Oeste, que são de responsabilidade, respectivamente, da Saltinho Energética e das cooperativas Coprel e Ceriluz.
Os empreendimentos, que serão implementados nos rios Ituim, Jacuí e Ijuí, somarão uma potência instalada de 55 MW e absorverão um investimento de aproximadamente R$ 350 milhões. Além de vender energia nesse último certame, a usina de Linha Onze Oeste já havia comercializado parte de sua geração em leilão ocorrido em 2021. O preço médio de venda das PCHs gaúchas na concorrência mais recente foi de R$ 268,27 o MWh.
O presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, frisa que foi um resultado muito interessantes para as PCHs. “O Estado se posicionou novamente como uma força desse setor, que é muito do trabalho que o sindicato vem desenvolvendo em parceria com a AGPCH (Associação Gaúcha de Fomento às PCHs”), comenta o dirigente.
Ele ressalta que as entidades estão atuando em questões como o monitoramento das licenças ambientais, na representatividade do segmento e discutindo a complementariedade das fontes renováveis. Sari acrescenta que os três projetos gaúchos vencedores do leilão somam uma potência instalada significativa dentro do certame, que contratou uma capacidade total de 947,9 MW.
Das 29 usinas espalhadas pelo País que venderam energia na concorrência, 14 eram PCHs, quatro Centrais de Geração Hidrelétrica (CGHs), cinco solares, quatro eólicas e duas de biomassa. Esses empreendimentos, que estão distribuídos pelos estados da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, significarão um investimento de cerca de R$ 7 bilhões.
Conforme o presidente do Sindienergia-RS, as PCHs se colocaram muito bem, inclusive se comparadas com os projetos de energia solar e eólica. “É um novo momento, com crescimento importante para o setor”, reforça o dirigente. Sari acrescenta que o desempenho fortalece o otimismo em torno de novos resultados positivos, futuramente, quanto a esse tipo de geração de energia.
O presidente da AGPCH e diretor da fonte hídrica do Sindienergia-RS, Roberto Zuch, também comemorou a performance das usinas gaúchas. “Reflete um trabalho conjunto que está sendo feito com governo do Estado, Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na liberação das licenças das PCHs”, enfatiza o dirigente.
Zuch assinala que, quanto mais o Rio Grande do Sul conseguir evoluir na agilização e desburocratização de processos, mais empreendimentos poderão sair do papel. Ele lembra que a PCH foi a única fonte no Estado que saiu vitoriosa nesse último leilão. “A gente acredita que, mais adiante, as coisas vão começar a andar também para as outras fontes gaúchas”, prevê o presidente da AGPCH e diretor do Sindienergia-RS.
De acordo com Zuch, as PCHs no Rio Grande do Sul estão bem localizadas, próximas aos fornecedores de equipamentos, consultorias das áreas ambiental e de engenharia, assim como perto das regiões de centro de carga de energia. Ele destaca ainda a competência das cooperativas gaúchas que desenvolvem diversos projetos nessa área. Um exemplo disso é o fato de que duas das PCHs que venderam energia no certame no final de maio pertencem a cooperativas.
“Acredito que houve o reconhecimento por parte do Ministério de Minas e Energia da importância das PCHs e tomara que seja uma espiral positiva para o setor”, complementa o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel) e conselheiro do Sindienergia-RS, Ricardo Pigatto. O dirigente, que também é diretor da AGPCH, adianta que há uma enorme expectativa para os próximos leilões A-5 e A-6 que estão marcados para 16 de setembro.
Para o A-5, já estão cadastradas quatro PCHs gaúchas para concorrer, que somam uma oferta de 54 MW, e para o A-6 são três usinas no Rio Grande do Sul dessa natureza, que totalizam 48 MW. Nesses certames, segundo a lei 14.182/2021, 50% da demanda tem que ser atendida por PCHs, salienta o integrante da Abragel. Pigatto espera que os próximos anos representem a retomada das pequenas centrais hidrelétricas dentro do setor elétrico.
No total das fontes, para o leilão A-5 foram inscritos 2.044 projetos espalhados pelo País, que representam uma potência de 83.005 MW. O segmento com maior número de empreendimentos habilitados foi o solar, com 1.345 iniciativas que chegam a 55.822 MW. Já o A-6 verifica 722 projetos, com potência de 56.134 MW. Nessa concorrência, os destaques são a geração eólica, com 545 iniciativas, e as térmicas a gás natural, com potência de 31.689 MW.
A PCH Saltinho obteve a LP através de EIA RIMA e a PCH Santo Antônio do Jacuí obteve LP e LI através de RAS, ambos elaborados pela Biolaw Consultoria Ambiental, associada do Sindienergia-RS.
Texto: Sindienergia-RS